Para muitas pessoas o trabalho social é o que mais remete ao conceito de altruísmo.
POPULAÇÃO E AMOSTRA
População
Residentes de Bauru e Macatuba
369. 368 habitantes em Bauru.
16.259 habitantes em Macatuba.
População total: 385.627 habitantes.
Amostra
320 habitantes distribuídos entre as respectivas cidades.
QUESTIONÁRIO
Uma atitude altruísta consiste em um comportamento de ajuda a companheiros que se encontram com alguma necessidade. Assemelha-se a uma atitude solidária, ou seja, oposta ao egoísmo. Relacionado ao amor ao próximo.
(nº 27- Micaela Oliveira)
1- Idade? __________
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02- Sexo?
a) Feminino
b) Masculino
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03-Você atualmente participa de projetos sociais?
a) Sim
b) Não
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(nº 11 – Gabriel Botelho)
04-Alguma vez você já doou dinheiro ou roupas para alguma instituição de caridade?
a) Sim
b) Sempre quando eu posso
c) Pretendo, mas não tenho condições atualmente
d) Nunca
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05-Você considera as suas atitudes em relação às pessoas como as mais certas?
a) Não, mas gostaria de melhorar nesse quesito
b) Sim, procuro tratar todos de maneira ética
c) Não costumo pensar nessas questões
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06-Você sabe o que é altruísmo?
a) Sim
b) Não
c) Sim e tento aplicar no meu cotidiano
d) Já ouvi falar
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(nº 24 – Marco Antônio Toledo)
07-Sua religião te ajuda a ser mais altruísta?
a) Sim
b) Não
c) Não tenho religião
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08-Você acredita que ajudar os outros faz parte da essência do ser humano?
a) Sim, acredito que todos nascem com essa capacidade
b) Não, acredito que é algo a se desenvolver
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09- O que você faz quando vê alguém cair?
a) Dou risada mesmo na frente da pessoa
b) Dou risada, porém ajudo depois
c) Espero sair de perto da pessoa para poder rir
d) Ajudo-a na mesma hora
e) Finjo que não a vi cair
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(nº 23 – Maiara Moreira)
10-Hoje você contribuiu beneficamente para o dia de outras pessoas?
a) Sim, sempre procuro fazer isso
b) Sim, mas não foi intencional
c) Não, apesar de que gostaria
d) Não vi oportunidades para isso
e) Tive a oportunidade porém não o fiz
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11-Você já presenciou uma cena de bullying? Se sim qual foi sua atitude em relação a isso?
a) Já observei uma cena e não fiz nada
b) Sim e já combati um ato
c) Sim. Incentivei a atitude
d) Sim. Fui agressor
e) Nunca presenciei
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12-Como é sua autoestima?
a) Baixa
b) Normal
c) Alta
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(nº 02 – Beatriz Gimenes)
13- Se você fizer algum trabalho voluntário, qual você escolherá?
a) Com idosos
b) Com animais
c) Com crianças
d) Com moradores de rua
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14-Qual a sua relação com os trabalhos voluntários?
a) Ajudo financeiramente
b) Ajudo de maneira direta, ou seja, sou voluntário
c) Pretendo fazer algo futuramente
d) Nunca participei
e) Não pretendo participar
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15-Até que ponto você seria capaz de abrir mão de seus pertences para alguém?
a) Sempre quando precisarem
b) Apenas se isso não me fará falta
c) Nunca, creio que não é o meu dever dividir aquilo que conquistei sozinho
d) Seria capaz de dar qualquer coisa dependendo da minha proximidade com a pessoa
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Texto 1
Itaú Social realiza pesquisa sobre voluntariado no Brasil
Se você está lendo este texto, é voluntário ou tem interesse pelo tema. Parabéns, você não está sozinho! Na verdade, está acompanhado por 16,4 milhões de pessoas que, como você, realizam algum tipo de atividade para ajudar o próximo sem receber nada em troca, a não ser a sensação de bem-estar. É o que mostra uma pesquisa divulgada recentemente pela Fundação Itaú Social.
Segundo o levantamento, feito pelo Instituto Datafolha com 2024 brasileiros de 135 municípios, 11% da população brasileira são voluntários e um número quase três vezes maior (28%) já realizou algum tipo de atividade formal não remunerada para ajudar o outro em algum momento. Ou seja, cerca de três em cada dez pessoas já realizaram ações voluntárias ao longo da vida.
Perfil do contingente de voluntariado no Brasil
É muita gente fazendo o bem. De acordo com a pesquisa, 58% das pessoas entraram no voluntariado para serem solidários, enquanto 18% disseram que se iniciaram na prática por influência de conhecidos ou instituições. Outros 17% dizem que entraram por satisfação pessoal.
E o que recebem em troca? Um conjunto de sentimentos que os faz enxergar um mundo melhor se formando: sensação de bem-estar (51%), sentir-se útil (40%) e gratificação pessoal (37%) são, na opinião dos brasileiros, o que as pessoas obtêm ao praticar atividade voluntária.
Tamanha satisfação pode ser contagiante. Afinal, ainda há muita gente que nunca foi voluntária na vida. A maioria diz que falta tempo - é a razão alegada por 40% dos que nunca foram voluntários e por 42% daqueles que deixaram de atuar.
Motivos pelos quais o brasileiro não pratica o voluntariado
Além de não ter tempo, quase um terço (29%) dos que nunca foram voluntários diz não ter sido convidada a desempenhar esse tipo de atividade em momento algum, e 18% dizem não ter pensado no assunto. Por isso até hoje estariam longe de uma atividade solidária. Motivos pelos quais o brasileiro não pratica o voluntariado
“Há espaço para aumentar esse engajamento”, conclui Cláudia Sintoni, coordenadora de Mobilização da Fundação Itaú Social.
Ela lembra que a maioria dos entrevistados (58%) se diz um pouco ou muito disposta a realizar atividades voluntárias. Por que, então, não dar uma força para que eles comecem a fazer algum tipo de voluntariado?
A Fundação Itaú Social fez uma pesquisa para analisar os brasileiros que realizam alguma atividade que ajude outra pessoa. Analisaram também qual era o motivo da pessoa, como por exemplo o simples fato de ser solidária e não esperar nada em troca.
Uma parcela relativamente considerável dos entrevistados já havia realizado alguma ação social, porém poucas eram voluntárias em ONGs. Portanto, em cada dez pessoas três já tinham auxiliado outra ao longo da sua vida, segundo o DataFolha.
No entanto, esse número vem aumentando pelo fato das pessoas desejarem ser mais solidárias com as outras ou para a sua própria satisfação por estar fazendo o bem e se sentir útil.
Alguns entrevistados disseram que não são voluntários por falta de tempo ou por nunca terem sido convidados para essa atividade. A coordenadora da Mobilização da Fundação Itaú Social, Cláudia Sintoni, diz que as pessoas se sentem dispostas a ajudar, então o número de voluntários possui a tendência de aumentar ainda mais.
Texto 2
Dinheiro nos faz egoístas – Mentes corrompidas, parte 4
Dinheiro traz corrupção? Não necessariamente, mas a sua presença nos faz mais individualistas, egoístas, menos inclinados ao próximo. Pode não ser suficiente para tornar alguém corrupto, mas que ajuda, ajuda.
Corrupção é praticamente sinônimo de desvio de dinheiro. A palavra até tem outros significados, mas o uso do dinheiro de forma imprópria para obtenção de alguma vantagem é tão forte que quando ouvimos a palavra corrupto, logo pensamos nele. E o dinheiro é de fato um dos mais fortes fatores de risco para a corrupção.
Vários estudos, em diversas culturas, apontam para o mesmo fenômeno: quando somos levados a pensar no conceito de dinheiro tornamo-nos mais individualistas, autossuficientes, menos altruístas e mais indiferentes ao outro. Em experimentos conduzidos com voluntários, aqueles lembrados do vil metal demoravam o dobro de tempo para pedir ajuda na realização de tarefas difíceis, por exemplo, e gastavam quase metade do tempo ajudando alguém. Quando lhes era dada oportunidade de contribuir financeiramente para uma causa, doavam 42% a menos do que os outros. Num dos testes mais curiosos o pesquisador derrubava uma caixa de lápis n
a frente dos sujeitos, e aqueles que estavam com dinheiro na cabeça recolheram 10% a menos de lápis. Não só isso: ao serem orientados a formarem duplas, eles se sentavam mais longe de seus pares, e mesmo quando atuar em grupo aliviaria a carga de trabalho, 83% escolhia trabalhar sozinho, contra 31% dos outros.
Cientistas de Singapura resolveram testar se esses efeitos também aconteceriam entre pessoas conhecidas, e não apenas entre estranhos como no caso das pesquisas americanas. Testaram alunos na Índia, onde ajudar os outros é um dever moral ainda por cima, e obtiveram resultados semelhantes. Alunos levados a pensar em dinheiro gastavam menos tempo ajudando o pesquisador, e sentiam menos responsabilidade moral de ajudar o próximo (a não ser sem situações graves, como doar sangue para alguém necessitando – nesse caso não houve diferenças). Os mesmos cientistas testaram, agora em americanos, se esses efeitos aconteceriam em casais. E – surpresa – quem teve o raciocínio desviado para cálculos financeiros sentia-se menos disposto a ajudar o parceiro romântico, e mais chateado se fosse obrigado a fazê-lo.
Não conheço estudos dessa linha feito especificamente com dinheiro de corrupção, mas dá para suspeitar o cenário seja ainda pior. Se a mera ideia de dinheiro faz o que faz com voluntários normais, imagine o que malas cheias de notas ou dígitos cheios de zeros podem fazer pelos corruptos, que superaram suas barreiras morais e conseguiram se justificar para si mesmos.
A solução não pode ser abolir o dinheiro, obviamente. Mas pode ser pensar menos nele. Dar mais valor àquilo que não tem preço. Afinal, como já disse antes, quando ter se torna mais importante do que ser, passamos a tratar as coisas como se fossem pessoas. E vice-versa.
De acordo com o texto, ter dinheiro pode ser um fator que possivelmente ocasionará a ampliação de sentimentos egoístas e individualistas, assim fazendo com que tornemo-nos menos altruístas e indiferentes ao bem-estar do próximo.
Como foi apresentado, alguns voluntários que possuíram um valor monetário maior gastaram certo tempo para ajudar alguém, além de demorarem o dobro de tempo para pedirem ajuda para realizarem tarefas difíceis. Porém, os mesmos doavam 42% a menos quando tinham a oportunidade de contribuir com algo financeiramente, e ao serem orientados a formarem duplas, 83% dos participantes preferiam trabalhar sozinho.
Também foi feito experimento semelhante para analisar o comportamento entre alunos na Índia diante das mesmas situações, e obtiveram resultados semelhantes mesmo sendo um país em que ajudar o próximo é um dever moral.
Por esses motivos podemos concluir que a corrupção faz com que as pessoas deixem de ser éticas e passem a pensar somente nelas e parem de realmente dar mais valor àquilo que não há preço, como as práticas altruístas se baseiam.
Texto 3
Por que a fila de adoção está longe de ser zerada no Brasil?
Dados do CNA mostram que para cada criança disponível para adoção há quase 8 pretendentes
Doenças entre as crianças do Brasil
Preferências na adoção de crianças no Brasil
Existem hoje 37,3 mil pessoas na lista de espera para adotar uma das 4,8 mil crianças inscritas no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) do Brasil.
Isso significa que para cada menor de idade disponível para adoção há quase 8 famílias pretendentes. Mesmo assim, essa fila está longe de ser zerada.
Um dos principais motivos é que, na maioria dos casos, o perfil de criança não se encaixa naquele desejado por quem pretende adotar um filho.
Pais que pretendem adotar por estado
O perfil mais cobiçado, segundo dados do CNA, é uma menina branca com até dois anos de idade. No entanto, 68,9% das crianças que aguardam nos abrigos não são de raça branca e há somente 62 bebês de até 2 anos – o equivalente a 1,2% da lista de espera.
Além do sexo, da idade e da raça, os pais adotivos ainda delimitam outras características que aceitam ou não nos futuros filhos, como doenças físicas ou mentais.
Veja os desencontros entre as pessoas que querem adotar e quem está disponível para adoção no Brasil.
De acordo com os dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) do Brasil, existem hoje 4,8 mil crianças inscritas para o processo de adoção e 37,3 mil pessoas na lista de espera que pretendem adotar uma delas.
Essa fila de adoção está longe de ser zerada, sendo um dos motivos principais o perfil da criança não se encaixar no desejado, pelo fato de o mais cobiçado ser meninas brancas com até dois anos de idade, além de recusarem crianças com doenças físicas ou mentais. Porém 68,9% das crianças não são de raça branca e existem apenas 62 bebês de até 2 anos, o que corresponde à 1,2% da lista de espera.
Outros motivos que impedem o aumento dos índices de adoção são que 82,8% dos pais buscarem apenas crianças com menos de 5 anos mesmo que haja apenas 251 que se encontram nessa faixa etária; 68,8% das crianças inscritas na CNA possuem irmãos, sendo que os pais dispostos a levar mais de uma criança corresponde à apenas 31,8%; a preferência por meninos ser de apenas 8,74%, apesar de mais de 56,6% das crianças disponíveis para adoção são meninos; 24.737 pais não aceitam crianças com qualquer tipo de doenças.
O estado de São Paulo é o local onde vivem mais pais que querem adotar crianças, são de 9.172 pretendentes, é também o estado com o maior total de crianças para adoção, chegando à 1.142.
Texto 4
Como o altruísmo de um homem mudou vida de vila onde um quarto da população tem deficiência
Em uma vila remota da Indonésia, um em cada quatro moradores tem deficiências físicas e cognitivas - um número alto e incomum. Por muitos anos, essas pessoas não tiveram a assistência necessária, mas um homem transformou suas vidas.
Na entrada do empoeirado vilarejo de Karangpatihan, um cartaz com a imagem de Eko Mulyadi pode ser visto entre duas árvores. Mulyadi, para sua própria surpresa, foi eleito líder da vila no ano passado.
“Nunca quis ser o chefe da vila, nunca foi minha ambição. Mas uma noite um jovem veio até minha casa bem tarde. Ele me acordou e me levou a um quarto onde todos os moradores se reuniam. Cerca de 90 pessoas, jovens e idosos, me disseram: 'Queremos que seja nosso líder.'”
Hoje a casa de Mulyadi é um lugar onde qualquer pessoa pode passar o tempo, sobretudo aquelas com deficiências físicas e de aprendizagem.
A causa tem uma grande área externa coberta no térreo, onde a mulher de Mulyadi, Yuliana, está sentada com a filha de nove anos do casal e sua bebê recém-nascida.
Eles acabaram de descascar uma safra nova de amendoins. Galinhas circulam bicando as cascas e o som das duas cabras da família pode ser ouvido pela casa.
Sentado nos degraus está Duey, um homem magro de meia-idade que não consegue falar. Ele é um frequentador da casa, e aparece quase todo dia para se sentar com Yuliana e as filhas.
Apesar do calor intenso, Duey veste duas camisas e três pares de shorts, todos rasgados. Ele puxa seus shorts e gesticula, tentando comunicar algo por meio de sons guturais curtos.
Mulyadi aparece para cumprimentar Duey e eles começam uma conversa extraordinária, que lembra uma dança. Mulyadi usa o rosto, as mãos e todo o corpo para se comunicar.
“Ele está dizendo que tem muitas roupas em casa, mas nenhuma calça”, diz Mulyadi, sorrindo.
Descendo a rua, Bagus Waras está catando lixo. Ele nasceu com hidrocefalia, problema em que o acúmulo de líquido cefalorraquídeo causa inchamento do cérebro. Ele tem 30 anos, mas a idade mental de uma criança.
Quando a repórter pergunta o que ele está fazendo, ele responde timidamente: "Por favor senhorita, tenho apenas cinco anos. Estou indo agora, vou para a escola."
Duey e Bagus são dois entre 30 moradores da cidade que nasceram com algum tipo de deficiência - somando um quarto da população da vila, de 120 pessoas.
Estatísticas fora da curva
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), defeitos congênitos atingem cerca de 6% dos nascimentos, o que coloca Karangpatihan quatro vezes acima da média mundial.
E não é apenas Karangpatihan. Em outras regiões do distrito de Ponorogo, como Sidowayah e Pandak, a história é parecida. O primeiro problema veio a público há cerca de 60 anos.
"A maioria das pessoas com deficiências físicas e de aprendizagem nasceu nos anos 1950", diz Mulyadi. "Não havia médicos aqui naquela época, e a vila era muito pobre. Os moradores só começaram a perceber que seus filhos não eram como as outras crianças quando eles atingiam quatro, cinco anos.
"Eles imaginavam por que elas não conseguiam falar, por que não se desenvolviam como outras crianças. Não havia ajuda, então não havia escolas para crianças com necessidades especiais, postos de saúde ou médicos. Então essas crianças se tornaram párias."
Embora Mulyadi tenha crescido em meio a vizinhos com filhos com deficiências, ele só foi entender como a vida era para essas pessoas quando seu pai, um fazendeiro, se ofereceu para cuidar de uma criança com deficiência grave.
“Eu tinha apenas quatro anos quando ele veio morar conosco, mas instintivamente me senti muito triste por ele. Eu era uma das poucas crianças da vila a frequentar a escola, e esse menino costumava me acompanhar. Ele não falava, mas eu pude conhecê-lo e entendê-lo muito bem. Ele se tornou meu amigo. Foi quando notei todas as pessoas da vila que eram como ele”, diz Mulyadi.
“Eles eram ignorados por suas famílias, simplesmente porque elas não sabiam o que fazer com eles. Elas os alimentavam, mas de resto os ignoravam e os deixavam à própria sorte.”
À medida que crescia, Mulyadi passou a se preocupar mais com a situação.
“Outros moradores apenas pensavam que eram pessoas estúpidas, até loucas. Sempre me preocupei com elas. Eram tão pobres, e não acho que fosem felizes. Não posso dizer como se sentiam, mas acho que sofriam muito. Suas vidas eram tão difíceis. Estava preocupado sobre o futuro delas depois que seus pais morressem - quem cuidaria delas? Com quem viveriam?”
Causa invisível
Mulyadi foi o único adolescente da vila a completar a escola e ir à universidade. Quando voltou, se sentiu com a responsabilidade de fazer algo a respeito.
No começo, ele doou alimentos e dinheiro de seus próprios ganhos, mas logo percebeu que isso não mudaria a vida das pessoas de forma significativa. Então ele começou a se inscrever para tentar obter recursos do governo, mas nada foi para a frente. "Parecia que minha causa era invisível", conta.
Ele então recorreu a um jornalista local e o pediu que visitasse a vila para uma reportagem.
Quando a matéria foi publicada, Karangpatihan recebeu o nome da "Vila dos Idiotas". Mulyadi ficou arrasado. A última coisa que queria era que o local fosse ridicularizado. "Mas algo inesperado aconteceu", ele diz. "A reportagem fez muitas pessoas se questionarem sobre os motivos de uma concentração tão alta de defeitos congênitos nas vilas em torno de Ponorogo."
Possíveis explicações
Havia muitas teorias. Alguns diziam que o isolamento dessas vilas montanhosas havia motivado décadas de endogamia (casamento entre pessoas do mesmo grupo social). Outros culpavam uma infestação de ratos que afetou Karangpatihan e Pandak entre 1963 e 1967, destruindo plantações.
As causas mais prováveis, diz Mulyadi, são pobreza e desnutrição. "Não há um estudo oficial, mas acredito fortemente - e as pessoas aqui também - que as deficiências tenham sido causadas por dietas pobres durante a gravidez."
Escasez de alimentos é um problema grave na região. As encostas de pedra calcária seca dificultam o cultivo de subsistência, e a localização remota reduz as oportunidades de ganhar dinheiro suficiente para comprar comida. Quase 70 das famílias vivem abaixo da linha de pobreza.
A maioria depende de uma dieta de arroz e mandioca, conhecida localmente como nasi tiwul. Mas certas substâncias na mandioca podem inibir a absorção de iodo, o que pode levar a defeitos congênitos.
Mão na massa
Depois que a reportagem colocou Karangpatihan no mapa, as coisas começaram a mudar. O governo financiou um projeto de construções na vila.
Mulyadi viu ali uma oportunidade de fazer a diferença. "Queria fazer algo por essas pessoas. Precisava mostrar que me preocupava, para dar um exemplo. Queria provar que são capazes, que podem ser úteis e criativas. Queria que fosem tratadas como iguais. Acho que mereciam isso."
Então ele começou a envolver essas pessoas na construção civil. "Pedi a todos que tinham força física que viessem trabalhar."
Outros moradores manifestaram ceticismo em relação à iniciativa. "Algumas pessoas pensaram que eu estava louco, estavam realmente contra a ideia. Diziam que era impossível."
E, de fato, não foi fácil.
"Eu as ensino a desempenhar tarefas simples em construções - principalmente por meio da linguagem de sinais. Treinar pessoas com deficiências é difícil, leva tempo. O maior desafio é encontrar uma forma de comunicação, que quase sempre se dá pelas expressões faciais, sinais e uso do corpo."
O resultado foi impressionante, e mudou as atitudes na vila, diz o líder. "Eles acabaram construindo toda uma nova infraestrutura - estradas, pontes e casas. Até erguemos uma escola."
Novas iniciativas
Depois do programa de construção, Mulyadi começou outros projetos, porque àquela altura ele já tinha a atenção necessária para captar recursos. Em 2010, com dinheiro do Banco da Indonésia, ele construiu lagos de pesca para cada uma das famílias com crianças especiais, para que pudessem ter alguma renda. Hoje há 57 fazendas de pesca em Karangpatihan.
Uma dessas famílias vivia perto de Mulyadi. Enquanto a reportagem sobe a única rua da vila para encontrá-la, é possível ouvir os sons de uma cerimônia de casamento.
Várias pessoas com deficiências se casaram e tiveram filhos. Nuomo é um deles. Ele não tem deficiências, mas seus pais não conseguem falar. Ele aprendeu a se comunicar conversando com a avó.
"Eu me comunico com minha mãe por sinais, mas pode ser difícil. Não a entendo sempre", diz, antes de se juntar a amigos em brincadeiras no rio.
Perto da antiga casa de Mulyadi, dois homens em torno dos 40 anos, Dipon e Jamun, fumam cigarros artesanais. Irmãos, eles não conseguem falar. Eles sorriem e acenam. A mãe, Sipon, com cerca de 70 anos, aparece.
O marido de Sipon morreu há alguns anos, e ela recorreu a Mulyadi em busca de ajuda para sustentar os dois filhos adultos. Mulyadi construiu um lago e ensinou Jamun a pescar, e deu duas cabras e dez galinhas a Dipon.
Além disso, todo domingo Dipon e Jamun se juntam a outros moradores para tecer capachos, outra iniciativa de geração de renda organizada por Mulyadi para ajudar os moradores com deficiências.
Desafios
Mas Mulyadi não consegue ajudar a todos. Nos limites da vila, após um rio, vive Campret, de 39 anos. Para chegar até ele, é preciso subir um morro e atravessar uma vegetação densa.
Ao chegar, a reportagem ouve gemidos e encontra uma imagem perturbadora. Campret está deitado no chão de concreto. Está muito magro e sujo, e tomado por feridas que parecem inflamadas. Seu pai, sentado logo atrás dele, é cego.
Quando vê a reportagem, ele começa a chorar, fazendo sons estridentes. Sua mãe, idosa, tenta acalmá-lo.
A reportagem pergunta o motivo de ele estar deitado no chão sujo. A mãe diz que dá banho no filho todo dia, e que ele tem uma cama, que não usa.
Sobre as feridas, a mãe diz que o levou ao médico quando ele era criança e, depois, na adolescência. "Ele ficou muito nervoso todas essas vezes. Ficou furioso. Ele tentou fugir, e desde então não o levei mais."
Campret costuma fugir, diz Mulyadi. "Ele é conhecido por vagar por outras vilas e ficar desaparecido por dias. Às vezes a situação fica tão grave que seus pais precisam amarrá-lo", diz, mostrando a corda fina usada nessas situações. Segundo a mãe, a última vez que ela precisou de usar a corda foi há mais de um ano.
O rapaz não vai ao médico há 20 anos, e sua necessidade de assistência é clara.
A reportagem questiona Mulyadi o motivo de ninguém ter ajudado a família. "Nós não vemos necessidade de um médico porque fisicamente ele está bem", responde. A repórter Candida Beveridge discorda e diz que ele precisa de ajuda.
"Nós na verdade não sabemos o que fazer", reconhece Mulyadi. "Não temos um especialista que possa ajudá-lo. A única coisa que posso fazer é dar alimentos e dinheiro. Não posso envolvê-lo em meus cursos porque ele não compreende. É um caso trágico", afirma, impotente.
A repórter insiste na necessidade de encontrar um médico apropriado para avaliar o rapaz.
Casos como o de Campret deixaram Malyadi mais atento para ações de prevenção. Por isso, ele passou a monitorar pessoalmente toda gravidez na vila, incentivando uma dieta saudável, com vegetais variados.
E para quem não consegue se deslocar até o hospital local, a 45 minutos, nem bancar um raio-X, ele oferece transporte em seu próprio carro - e paga os exames.
A vila hoje conta com um posto de saúde com uma parteira e um médico. Os resultados são animadores, diz Mulyadi. Segundo ele, não houve nascimentos de bebês com defeitos congênitos nos últimos anos.
Ele diz esperar que um dia os moradores com deficiências consigam se sustentar sozinhos. Voltando para casa, para cuidar de seu próprio bebê e dos amendoins, ele lembra como as coisas costumavam ser. "No passado, você quase sempre encontrava pessoas com deficiência sentadas na estrada fazendo nada. Isso é raro agora. Nossa vila é um lugar muito diferente agora."
Um lugar, afirma, do qual suas filhas podem se orgulhar.
Comentário
Em uma vila da Indonésia, onde um em cada quatro moradores tem deficiências físicas ou cognitivas, que é um índice elevado, um homem se destacou ao ajudar essas pessoas. Esse era Mulyadi, inclusive foi eleito líder da vila no ano de 2015.
Hoje sua casa é um lugar de conforto para quem possui deficiências. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, defeitos congênitos atingem cerca de 6% dos nascimentos, o que coloca a vila de Karangpatihan quatro vezes acima da média mundial.
Embora Mulyadi tenha crescido em meio a tantos portadores de deficiências, ele só foi entender como a sua vida era voltada para essas pessoas quando seu pai, um fazendeiro, se ofereceu para cuidar de uma criança com deficiência grave.
Mulyadi foi o único adolescente da vila a completar a escola e ir à universidade. Quando voltou dos seus estudos, sentiu que deveria fazer algo a respeito. Primeiramente, começou doando alimentos e parte do seu salário, mas percebeu que deveria fazer algo mais significativo.
Então ele começou a se inscrever para tentar obter recursos do governo, mas nada estava adiantando. Assim, recorreu a um jornalista local e pediu que visitasse a vila para uma reportagem.
Quando a matéria foi publicada, Karangpatihan recebeu o nome da "Vila dos Idiotas". Mulyadi ficou arrasado com a ridicularização que a matéria fez de seu povo, porém a reportagem atentou muitas pessoas sobre os motivos de uma concentração tão alta de defeitos congênitos nas vilas em torno de Ponorogo.
Havia muitas teorias. Alguns diziam que o isolamento dessas vilas montanhosas havia motivado décadas de endogamia (casamento entre pessoas do mesmo grupo social). Outros culpavam uma infestação de ratos que afetou Karangpatihan e Pandak entre 1963 e 1967, destruindo plantações.
As causas mais prováveis, segundo Mulyadi, são pobreza e desnutrição. "Não há um estudo oficial, mas acredito fortemente - e as pessoas aqui também - que as deficiências tenham sido causadas por dietas pobres durante a gravidez."
Depois que a reportagem colocou Karangpatihan no mapa, as coisas começaram a mudar. O governo financiou um projeto de construções na vila,e muitos moradores, inclusive os com deficiências envolveram-se no processo.
O resultado foi impressionante, e mudou as atitudes das pessoas na vila, diz o líder. "Eles acabaram construindo toda uma nova infraestrutura - estradas, pontes e casas. Até erguemos uma escola."
Assim, Muyaldi ajudou seu povo, e apesar de eles ainda enfrentarem muitas dificuldades, ele melhorou e muito a vida para essas pessoas.
O mundo precisa se atentar mais para os povos esquecidos pelo globo, que passam fome, sede, e precisam de assistência médica. Nada nos diferencia deles, apenas o lugar e a sorte de nascermos em boas condições financeiras e com boa saúde.
SUGESTÕES
Sugerimos que todas as pessoas não percam tempo ficando com raiva e depreciando umas as outras, viva a vida de maneira mais leve e animada.
Além disso, caso você esteja habituado a ignorar quem pede ajuda, faça diferente da próxima vez, um sorriso de gratidão pode mudar seu dia.
Também não tenha medo de se aproximar de alguém em necessidade, às vezes tudo o que a pessoa precisa é de companhia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, o altruísmo é algo natural do homem, faz parte do seu processo biológico de anseio por ajudar a quem esteja necessitando.
Quando analisamos esse tema com mais detalhe as nossas atitudes começam a mudar positivamente, nosso modo de olhar o mundo e conhecer as diferentes realidades, as quais sempre podem melhorar com atitudes altruístas.
Além disso, percebemos que pequenas atitudes boas realmente mudam o dia de alguém.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- http://obviousmag.org/reforma_intima/2016/voce-esta-pronto-para-o-trabalho-voluntario.html
- https://www.ivoluntarios.org.br/pages/2613-itau-social-realiza-pesquisa-sobre-voluntariado-no-brasil
- http://emais.estadao.com.br/blogs/daniel-martins-de-barros/dinheiro-nos-faz-egoistas-mentes-corrompidas-parte-4/
- http://exame.abril.com.br/brasil/por-que-e-tao-dificil-zerar-a-fila-de-adocao-no-brasil/
- http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160120_altruismo_vila_tg
- http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/temas.php?lang=&codmun=350600&idtema=130&search=sao-paulo%7Cbauru%7C-
(Acesso em 26/05/2017)